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Uma Introdução para Orientar o Estudo da Bíblia

Com muita propriedade, a tradição considera a Bíblia como um memorial descritivo do Plano de Deus no mundo, destinado a dar ao homem um instrumento capaz de guiá-lo na senda da vida com segurança e retidão. Conta ainda a tradição, que Jeovah deu a Torah a Moyses em setenta línguas; portanto, a que você conhece é apenas uma, há que se buscar entender as restantes.

Atrevo-me a escrever esta breve introdução, porque creio que quando um homem se propõe a estudar a Bíblia, o céu se abre e os anjos descem para ajudá-lo. Portanto, tudo o que ele faz, lê, estuda, escreve, ensina, tem o aval do seu Espírito, que é Deus dentro dele.

A primeira observação é aquela que diz respeito à leitura. É indispensável que v. saiba ler. Do grau da sua leitura, vai depender o seu entendimento. O entendimento virá em correspondência direta ao grau de sua leitura. Uma leitura ótima, seria a ideal; ensejaria um entendimento claro. Um boa leitura, levará o estudante a um bom entendimento. Mas, uma má leitura, não conduziria o estudante a lugar algum; pior, poderia gerar em seu espírito um estado de confusão, porque pensaria que estava lendo uma coisa e na verdade o texto era outro.

Porquê da importância da leitura? Porque v. abre o texto e, ao lê-lo, todo o potencial de sua imaginação se abre e o conduz ao mais íntimo do seu ser. O texto Bíblico foi composto com tal perfeição que a sua leitura, mesmo a mais breve, enseja esse contato interior. Daí que, o preparo para o estudo da Bíblia, pode conduzir a resultados melhores quando v. se preparar para o seu estudo.

No que consiste esse preparo? Primeiro, reservar um tempo periódico, diário ou semanal, conforme as suas possibilidades e nesse tempo reservado, dedicar-se ao estudo. Segundo, procurar o isolamento e a calma. Ouvir uma boa música antes, acender um incenso, pode dar um clima calmo e ameno. Terceiro, colocar à mão material auxiliar para o seu estudo, tal como: dicionários, papel, caneta. Os estudantes da Fraternidade(*) são, neste ponto que se refere a material auxiliar, afortunados; o nosso Instrutor tem publicado nos últimos anos amplos estudos e interpretações dos textos evangélicos, principalmente os referentes às parábolas. Colecionar estes textos e fazer a sua releitura é de grande valia. Quarto, procurar, sempre que deparar-se com situações onde os personagens bíblicos são adjetivados, buscar as razões históricas desta adjetivação e a sua equivalência hoje. Um exemplo importante:

José, pai de Jesus, carpinteiro. O Carpinteiro é um profissional da construção civil. Normalmente, um indivíduo simples, baixa renda e identificado com as classes mais pobres. Isto para os nossos dias. No tempo em que José viveu, o contexto era outro: José era nobre, descendia de Davi, portanto de estirpe real. A genealogia sua é a mesma de seu filho Jesus, citada em Mateus (pode parecer simples, mas, ficar atento para observar que um texto pode explicar outro). Ele não era, propriamente, um carpinteiro, mas sim, um “Construtor” em grego “Tekton”, profissão nobre, naquele tempo voltada para a construção de Palácios reais e Templos, portanto, profissão que servia a Deus e aos eleitos de Deus. Os reis eram ungidos por Deus. Os Construtores viviam nas cortes e eram, senão ricos, abastados e independentes em suas necessidades materiais. Conheciam a arte e a geometria com grande destreza. Eram sacerdotes e iniciados. Muito distante do que se conhece hoje. Eram os “maçons” do seu tempo. Nada, igualmente, com a maçonaria de hoje.

A linguagem utilizada no texto bíblico é de uma cultura agro-pastorial, de uma sociedade primitiva, simples, comparada com a nossa complexa sociedade moderna. As parábolas eram os poderosos instrumentos auxiliares, utilizados quando a situação exigia a descrição de situações psicológicas complexas. Hoje, há ferramentas auxiliares poderosas, como as lançadas pela moderna psicologia, que criou expressões precisas para as múltiplas situações da vida interior humana. O exercício da pesquisa pode ajudar a estabelecer paralelos esclarecedores.


A Torah ou Pentateuco, são os cinco primeiros Livros Sagrados, os quais constituem a base de toda a Bíblia: Gênese, Êxodos, Levítico, Números e Deuteronômio.

A Bíblia (Livros) é um conjunto de textos, assim organizados:
A Bíblia Judaica: Contém 39 Livros. Na versão da Grande Assembléia, Esdras e Nehemias, ano 444 a. C.
A Bíblia Cristã: Contém 46 Livros no Antigo Testamento e 27 Livros do Novo Testamento. A versão foi confirmada no Concílio de Trento em 1546.

Sua montagem obedece à seguinte ordem: Torah ou Pentateuco (citados) cinco livros, Profetas (Primeiros Profetas 6 e Últimos Profetas 14) e Escritores 14. No Novo Testamento, acrescentam-se os Históricos 4(Evangelhos), Atos, 21 Epístolas e o Apocalipse.

A divisão moderna da Bíblia em capítulos e versículos, foi feita pelo estudioso inglês Stefen Laugton em 1.214. São os 27 Livros do Novo Testamento, divididos em 260 capítulos e 7.959 versículos. Essa divisão já existia no Antigo Testamento e foi feita por Rabinos eruditos nos primeiros séculos de nossa era.

A Antiga Aliança foi feita com os Judeus, a Nova Aliança é a de Jesus Cristo. Jesus Cristo não escreveu, nem recomendou que anotassem, recomendou apenas “ide e pregai”.

Evangelho: Expressão antiga, já mencionada por Isaías (61:1); Ignácio de Antióquia (100 d.C.) e Justino, o Mártir (150 d.C.), o qual falou nas “memórias dos apóstolos” , pela primeira vez, com Evangelho (Boas Novas). Evangelión no grego e besorah no hebraico. Os Evangelistas são 4:
Mateus: Era um Publicano, nascido em Cafarnaum. Original em aramáico, nos anos 40/50 d.C.. Esse original nunca foi encontrado; o texto em que se baseou a igreja, é uma cópia e foi traduzida para o Grego nos anos 70. Marcos: Não foi discípulo de Cristo e sim de Pedro, durante a sua estada em Roma; escreveu em Grego, acredita-se no ano 44. Lucas: Igualmente, não conheceu Cristo. Convertido por Paulo de Tarso no ano 40, tinha como profissão a medicina pratica, como médico, em Antioquia. Escreveu em Grego. João: Filho de Zebedeu e Salomé, irmão de Tiago maior, também apóstolo de Cristo, pregou na região denominada Ásia Menor. Foi desterrado por Domiciano na Ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse no ano 97. Libertado, retornou a Êfeso para escrever o seu Evangelho e as Epístolas. Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas (o evangelista) nos anos 60, para narrar as ações de Paulo de Tarso e S. Pedro.

Período inter-bíblico: Corresponde aos 400 anos transcorridos entre o último evento do Antigo Testamento (Malaquias 3:1), até o Novo Testamento (Mateus 3:1), ou seja, o cumprimento da profecia sobre o Messias. Este período é representado na Bíblia moderna pela “página em branco” que separa os dois Testamentos. O que se conhece deste período e do período de Jesus Cristo e seus apóstolos, fora da literatura oficial evangélica, foi-nos dada pelo historiador Judeu/Romano Flavius Josephus, nascido em 37 d.C. e falecido em 100 d.C. Erudito Macabeu, filho de Sacerdote. Narrou em sua biografia que estudou 3 anos entre os Essênios, conheceu Banus, o seu chefe e líder do grupo. Religioso e partidário, era Fariseu, tradicionalista e fechado. Preso por Vespasiano, “profetizou”, para salvar a sua pele de uma condenação à morte, que este e seu filho seriam os futuros imperadores de Roma. Por coincidência histórica, sua profecia se concretizou; foi libertado e gozou de enorme prestígio e proteção. Tornou-se historiador e é o principal narrador daquele tempo. Sua obra máxima é “A história das Guerras Judaicas”.

Canônicos: São os livros ou Evangelhos selecionados e aprovados no Concílio de Hipona (393 d.C.) e confirmados nos Concílios posteriores, principalmente nos de Florença (1.441), Trento (1.546) e Vaticano I (1.869).

Apócrifos: Apokryphos em grego, secreto, oculto, isto é, autores indeterminados ou de identidade discutível. Não selecionados pelo Concílio de Hipona, já citado. No início, o termo era usado para designar textos ocultos, isto é, para os não iniciados e que somente seriam revelados aos sábios e iniciados. Nos dias de S. Jerônimo, significava falso ou não inspirado, sentido mantido até nossos dias.

Epístolas: Cartas. No Novo Testamento são 22: Paulo 14, João 3, Pedro 2, Tiago 1, Judas 1 e Lucas (Atos). Importante: na liturgia católica, a primeira das duas “lições” da Escritura sagrada lidas na Missa, é chamada Epístola e o “Lado da Epístola” é a parte sul do Santuário onde a Epístola é lida ou cantada.

Macabeus: São os 104 anos de 167 a 63 a.C., Dominação Síria. Período de lutas e perseguições. O Sacerdócio passa a exercer poder político. Passam os religiosos a buscar poder temporal em disputas políticas, em detrimento do aperfeiçoamento espiritual. Jerusalém está destruída, o povo humilhado, o Templo profanado. O que restava de Israel sofria a duras penas a fúria de Apolônio, governador que representava Antioco Epifanes, “O Louco”. Macabe (Martelo). Macabeu, martelador. A expressão reflete o espírito de luta do povo judeu, que bate sem cessar em busca de sua liberdade. Teve o seu expoente maior em Judas Macabeu, general que derrotou os Sírios e restaurou o 2º. Templo em 166 a.C., em 25 de Chisleu (Dezembro), na tradição judaica “Festa da Dedicação”, citado em João (10:22 e 23).

Pseudo-epigráfica: Hoje conhecido como uso de pseudônimo. São os escritos Judaicos como: Enoque, os 12 Patriarcas, Moisés, Esdras, etc.

Apocalípticos: São inúmeros os escritores apocalípticos. Embora o principal seja o de João, inserido na Bíblia Cristã no Novo Testamento. Muitas obras foram escritas com o propósito apocalíptico, ou seja, de revelação. Foi um forte movimento literário/religioso que começou no séc. II e foi até o séc. XIV de nossa era. Os principais: Livro de Hanoch, Livro de Jubileu, Apocalipse de Esdras e o Apocalipse de Baruch.

Saduceus: Opositores aos Fariseus, adotaram uma rude forma de ceticismo. Santo Epifânio e São Jerônimo chegaram a afirmar que os Saduceus rejeitaram todo o Antigo Testamento, ficando apenas com a Torah ou Pentateuco. Em realidade aceitavam o AT mas diferiam muito na sua interpretação, particularmente nos Profetas. Como partido político, estavam bem com os dominadores romanos. Caifás era Saduceu e aristocrático.

Fariseus: “Parushim” = Separados, eram puritanos e zelosos dos preceitos religiosos. Nas guerras de independências dos Macabeus, os Fariseus, ditos “Separados”, colocaram-se ao lado de Judas o Macabeu, apoiando-os. Opunham-se às influências gregas na cultura judaica. Eram muito populares e gozavam de enorme prestígio entre a população. Eram religiosos, tementes a Deus e espiritualistas. Aceitavam, contrariando correntes judaicas, a doutrina da imortalidade da alma, acreditavam nos anjos e na ressurreição. Jesus os condenou por guardarem preceitos e as doutrinas dos homens, em detrimento das Leis de Deus. Fariseus célebres eram: José de Arimatéa, Nicodemus, Gamaliel e Paulo de Tarso.

Livro da Lei: É a Torah (mais do que Lei!). O Pentateuco Cristão. Moysés a explicou nas 70 línguas, para que todas as nações da terra pudessem copiá-la e compreendê-la. Na moderna maçonaria, o termo é utilizado para toda a Bíblia. Há três redações aceitas para a Torah ou Pentateuco: A Judaica, a Samaritana e a Grega; a versão dos 70 ou Septuagita, deu origem à Vulgata, na versão para o latim. A mais fiel à judaica, original, é a versão grega ou Septuagita.
A redação Judaica data do Séc. VII d.C. e foi escrita por Rabinos Massoraítas. A redação Samaritana é a mais recente e difere muito da Judaica e da Grega. A Torah contém 5.845 versículos. Conceito muito amplo e profundo, é doutrina, instrução e orientação. Ensina, conduz e moraliza.

Lenda contada por A.R.Crabtree em Arqueologia Bíblica, pág. 291: “Ptolomeu Filadelfo orgulhava-se de sua imensa biblioteca. Um dia, o seu bibliotecário presta-lhe conta e diz haver em sua coleção 995 Livros da melhor literatura havida até então; tinha livros sobre tudo de todas as nações, mas, faltavam 5 Livros, justamente os 5 Livros atribuídos a Moysés. Foi então que Ptolomeu Filadelfo enviou emissários ao Sumo Sacerdote em Jerusalém, pedindo-lhe as cópias dos 5 Livros. Pediu ele, igualmente, o envio de um pessoal hábil e capaz de traduzir os Livros para o Grego. O Sumo Sacerdote atendeu o seu pedido e enviou-lhe 72 Sábios e Idôneos. Estes Sábios realizaram o seu trabalho na Ilha de Faros, próximo de Alexandria. Conta-se que ficaram todos isolados em celas particulares, sem qualquer protótipo ou dicionário. No final, todos entregaram as suas traduções e foram as 72 traduções comparadas, não sendo encontrada no final do trabalho, divergência alguma” . Daí a origem do nome Septuagita.

Septuagita: Foi a primeira tradução da Bíblia. Foi feita do hebraico para o Grego. Teve a sua raiz no Egito, séc. III a.C.

Onkelos: Tradução de Onkelos. Feita quatro séculos depois da Septuagita para o Aramaico, língua utilizada na época do Terceiro Templo (Bet Hamikdash). Século I de nossa era.

Zelotes: Eram patriotas judeus. Terroristas aguerridos e muito autoritários em sua religiosidade. Era um partido político e religioso de orígem farisaica. Segundo o Shamai, sábio Fariseu do Sec. I d.C., eram o que hoje consideramos os “fundamentalistas”, rígidos seguidores da lei e dos ritos, sem concessões. Descendentes de Judas de Gamalah. Eram, em tudo, semelhantes aos Fariseus. Tinham grande apego à liberdade e pouco amor à vida. Negavam-se a pagar impostos a Roma. Utilizavam-se de um punhal romano chamado “sica”, com o qual assassinavam romanos e colaboradores, daí serem também conhecidos como “sicários”. Depois da morte de seu líder, degeneraram como partido ou seita.

Herodianos: Era um partido político. Talvez uma fraternidade fundada em homenagem a Herodes, dito o Grande. São Jerônimo e Tertuliano dizem que muitos judeus achavam que Herodes era o Messias. Mas Herodes sequer era Judeu e sim era um Indumeu; morto, cessou o seu culto.

Publicanos: Não eram um grupo político ou religioso, mas sim, eram uma “casta” de funcionários públicos romanos ou colaboradores, eram os coletores de impostos. Contado pelo escritor Eneas Tognini: “Os romanos da classe “Equites”, a mais elevada do Império Romano, tinham o monopólio da cobrança dos impostos para Roma. Na prática, eles arrendavam essa tarefa, repassando a autorização a subordinados, romanos de classe mais baixa; estes, viajavam aos locais e aí, novamente, repassavam a autorização; eram os “Partitores”. A taxa inicial era dada pelo Império, que impunha a cota a ser coletada. Os Equites dobravam esta cota e repassavam o novo valor aos Partitores; estes, aos coletores Publicanos, de forma redobrada. Estes, novamente, dobravam e levavam a cobrança aos contribuintes pagadores. Cada qual acertava com o seu superior, ficando com a sua parte. Eram ricos e odiados. Eram também chamados “gentios”, como as meretrizes e pecadores. Muitos eram, realmente, ruins e perversos; obviamente, por força do ofício. Cristo deu Absolvição a alguns e um até aceitou o seu apostolado: Mateus (o Levi); vide Mateus 9:9”.

Samaritanos: Shomronim. Habitantes de Shomron ou Samaria. É mais um trágico acidente histórico, do que um partido dissidente de Israel. No retorno dos Israelitas do cativeiro de Babilônia, foram considerados impuros e rejeitados na construção do Segundo Templo de Israel, por decreto de Esdras, o Escriba e Nehemias, denominados os puros. Habitavam o norte de Israel, na cidade de Nablus, hoje Betel.

Sinédrio: Também Sanhedrin (hebraico), Sunedrion (Grego). A Corte Suprema de Justiça em Israel, Cível e Religiosa. Competia e compete ainda hoje em poder com o Executivo. É composto por 70 membros; na época de Cristo, era composto exclusivamente por Fariseus e Saduceus. O Sumo Sacerdote é o seu Presidente, à direita o seu 1º Vice-Presidente e à esquerda o seu 2º Vice-Presidente. Os demais membros, na época, eram familiares dos sumo- sacerdotes e escribas. Tinham o poder de condenar à morte e este poder foi cassado pelos romanos. Podiam, nalguns casos, condenar, mas a execução teria que ser dos romanos. No tempo de Cristo, funcionavam como Tribunal de Inquisição, caçando e condenando hereges.

Messias: Ungido (Mashiach). O conceito judaico é de um Messias salvador, humano, redentor, eleito por Deus para Israel e deste, por extensão, para toda a humanidade. O judaísmo considera que, por causa de seu caráter místico e de seus objetivos de ordem espiritual, não possui uma forma definida. A sua missão, no entanto, está definida: “Estabelecimento do reino de Deus na Terra. Não no céu, como querem os cristãos”. A tradição conta com dois Messias: O primeiro Messias, Ben Joshua, tombaria no final da luta vencida por Israel contra os exércitos de Gog e Magog, na época tidos como os romanos e que viria para abrir o caminho do segundo, o chamado Messias Ben David, a quem caberia conduzir Israel para a volta gloriosa a Jerusalém. “Ainda outros ajuntarei a Ele, além dos que já se lhe ajuntaram” (Isaías 56:8). Isaías e o Reino do Messias, Cap. 11. Acrescente-se: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir...(João 10:16).

Caridade: Tzedakah, é uma virtude. Ver Isaias 58:7. A caridade salva do fogo da Gehena. Eleva a alma. Tem mais méritos que todas as orações (Mitzvot). Torna a redenção mais próxima. A caridade salva da Morte. “Aquilo que é dado ao pobre lhe pertence por direito moral”: Princípio de Justiça.

Salmos: Os Salmos não são obra única do rei David, o chamado rei poeta, mas foi composto por numerosos outros autores, poetas litúrgicos judeus cujo grau de inspiração e sensibilidade variavam muito; daí porque os Salmos não representam um todo unificado, porque não guarda sempre o mesmo requinte e profundidade. Representam sim, os vários estágios porque passou a cultura judaica, durante os oito séculos que se seguiram após o Rei David. “A terra é do Senhor e tudo o que nela se encontra”. Fala da injustiça social e da existência do pobre. O pobre é uma iniquidade gerada pela sociedade doente. Portanto, uma violação da lei natural.

Profetas: Videntes. Se a Torah pode ser considerada o símbolo da razão judaica, os escritos dos Profetas podem ser considerados o seu coração. Havia uma escola para os Profetas. Nestas escolas, aprendiam as funções sacerdotais, a vidência, a astrologia e, o que foi denominado “artes secretas”. Eram temidos e desconhecidos pelo povo, de forma supersticiosa. Constituíam uma das 24 ordens sacerdotais de Israel. As principais escolas de Profetas foram as do Monte Sion, nos santuários de Betel, Dan e Beersheba, onde liam o futuro e faziam predições. A música era tida como um ingrediente mágico para os Profetas. Elias foi o primeiro dos Profetas ditos Autênticos. Samuel, Natan, Elizeu (discípulo de Elias), chamados também Profetas Primitivos. Profetizavam, faziam milagres, mas pertenciam à classe “profissional” como vaticinadores e oraculares. Os Profetas Posteriores, ao contrário, chamados Profetas canônicos, acreditavam ter recebido o mandato diretamente de Deus. Foram os responsáveis pelo lançamento do Monoteísmo ético de Moysés, contra a idolatria e o formalismo culto dos Escribas no Templo. Criticavam os governantes e exploradores do povo. Amós (7:12 a 16) tinha origem humilde e recebeu o seu mandato de Deus. Também Micah e Jeremias.

Essênios: Tzenuim no hebraico. Tradução: modestos, castos, humildes, devotos. Era considerada mais uma seita escapista, pelos judeus de então. Foram catalogadas 24 seitas consideradas escapistas. Todas, frutos dos anos turbulentos e sofridos anterior aos Macabeus, até a destruição do Terceiro Templo de Jerusalém no ano 70. Foram também considerados Fariseus dissidentes, ultra-ortodoxos e puritanos ou continuadores do Chassidismo (Chassidim=Devotos), opositores à helenização do judaísmo tradicional. Tinham como propósito prepararem-se para a vinda do Messias. Isolaram-se do mundo, renunciando às suas alegrias e paixões. Tomavam banho diário, incomum para a época e faziam a sua refeição em comunidade. Vestiam-se de branco. Virtuosos, estudavam a Torah, alimentavam-se com rigor, jejuavam com freqüência. Tinham o trabalho como parte da sua religião. O historiador Josephus conta que fez parte da irmandade por três anos e narra: “Eles tinham todas as coisas em comum, de forma que um homem rico não gozasse mais de sua própria riqueza do aquele que nada tinha”. Comiam, trabalhavam, oravam, sempre em conjunto. Trabalhavam da manhã à noite: agricultura, pastoreio, apicultura e trabalhos manuais. Toda a renda era revertida para o Intendente Tesoureiro. Conta-se que Judas Iscariotes foi o Intendente no tempo de Jesus. Foram os primeiros a condenar a escravidão: Deus nos fez a todos livres e irmãos, pregavam. Os doentes eram responsabilidade pública, assim como os velhos e as crianças pequenas. Eram opositores implacáveis do Fariseus e Escribas. Há muita semelhança entre os principais ensinos Essênios e o Cristianismo: Crença Messiânica, Batismo e oblução ritual, atitudes éticas e sociais, pessimismo sobre o sexo e o casamento, exaltação da pobreza como virtude, a humildade e a abnegação. Não resistência ao mal, refeição comunal (do Grego Agape), traduzido por Ceia. Podem ser considerados os primeiros monasteristas da história Judaico-Cristã, mais do que os Nazaritas (rechabitas) do Primeiro Templo de Salomão.

Ainda no contexto da Bíblia: Bíblia (Grego) ou Tanach (hebraico). Ganhou o formato definitivo que hoje temos à mão, por volta do Séc. X e XII de nossa era. Os livros da Bíblia, no geral, e da Torah (Pentateuco), em particular, sofreram muitas, extensas e continuadas reformulações, interpolações, reformulações, reedições modificadas e revisões, até o início do Sec. II de nossa era, quando foram acrescentados os Livros de Ester, Eclesiastes e Daniel.

O estudante deve precaver-se nestas leituras, procurar textos antigos e comentários de estudiosos, para informar-se sobre o texto que o impressiona, pois pode estar diante de uma impostura. Deve também precaver-se contra a perplexidade ao estudar e descobrir diferenças e conceitos, mesmo qualitativos, pensamentos contraditórios em sentimentos e estilos, inclusive de linguagem, em textos respeitados como os Livros de Job, Eclesiastes e Provérbios. Esdras, o Escriba e seus continuadores, os 120 luminares, constituíram a Grande Assembléia, que deram a grande estrutura e divisões da Bíblia ainda hoje adotada. Porque não foram escritos e sim transmitidos por tradição oral, sofreram no tempo influências de culturas com as quais Israel se envolveu. Foi numa reação violenta a essas influências, que Esdras e Nehemias, considerados os puros, decidiram constituir a Grande Assembléia e escrever os textos Sagrados, registrando-os para resguardar aquilo que acreditavam ser a forma pura e original. Nesta ocasião, por muitas discordâncias, foi feita a separação com a Samaria. As influências no texto apresentaram-se e não foram, intencionalmente ou por consenso, eliminadas, gerando assim um texto de difícil interpretação. Só no Gênese, o primeiro livro, destacamos versões diferentes: A Jeovita, de Jeovah, Deus nacional de Israel. Pelo documento Jeovita, o homem deriva do pó, no último dia da Criação. A Elohita de Elohim, Deus. Principia com Abraham e vai até a morte de Saul. Estes textos foram finalizados muitos séculos após sua primeira redação, por Esdras em 444 a.C.; o texto Jeovita no Séc. IX ou X de nossa era e o Elohita no Séc. VIII.


Ir.'. João Bosco
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